Comentários e opiniões sobre a actualidade nacional e internacional, económica e não só.

Sexta-feira, 19 de Outubro de 2007
Boas Notícias
O dia 18 para 19 trouxe boas notícias para a Europa em geral e para o país em particular.

O Tratado Europeu - Tratado de Lisboa

Portugal e a sua capital ficaram associados a um Tratado histórico que se espera que seja mais um pequeno passo rumo a uns Estados Unidos da Europa e que permite não só que a UE-27 seja governável como também tenha cada vez maior influência política e económica num mundo em que os EUA/Nafta, Índia ou China terão um peso e influência crescentes.

Não seriam 27 países de pequena/média dimensão, e muito menos o nosso, que teriam qualquer relevância ou influência no mundo actual.

Espera-se que decorra sem problemas a aprovação posterior pelos 27 países para existir no mundo uma Europa governável e com que contar.

Derrotados ?

As extremas-esquerda e direita que são contra a UE em todos os seus aspectos, que até  defendiam um Portugal isolado e fora da UE para terem maior possibilidade de implementar o tipo de regimes ditatoriais que sempre defenderam e defendem actualmente, por detrás da retórica da mentira ou da defesa do "estado social" que em ditadura apenas significa pobreza para todos e em democracia era insustentável da forma que eles "exigem".

Podem perguntar alguns ...

Estariamos melhores fora da UE ?

. Estariamos isolados, com maiores dificuldades por exemplo a nível de exportações para a Europa e não só.

. A nossa influência no mundo seria menor, naturalmente, um pequeno país de 10 milhões de habitantes e isolado. Seriamos a nova "Albânia" da Europa.

. Os nossos emigrantes estariam naturalmente pior, seriam cidadaõs extra-comunitários com toda a perda de benefícios que tal significava.

. Boa parte das infraestruturas do país, autoestradas, pontes, barragens, hospitais, escolas etc. não existiria ou estaria degradada assim como estariamos mais pobres sem ter auxílio financeiro comunitário de coesão nem as infraestruturas que alavancam o investimento.

. Existiria o "escudo", sim, uma pequena moeda completamente desvalorizada o que apenas auxiliaria artificialmente as empresas exportadoras com base no baixo preço e mão de obra barata mas faria disparar o preço das importações, nomeadamente do petróleo do qual somos um dos países mais dependentes da Europa. Imaginem o petróleo a subir, $70, $80, $90 e o "escudo" fraco e a desvalorizar face ao dólar.
Para além do risco da rotura cambial a inflação disparava ... seguido da subida das taxas de juro ... ou seja, se agora com a subida dos juros afecta a família, imaginem juros de 10, 15, 20%.

Muito mais se poderia falar, mas isto é apenas uma ideia inicial dos resultados de estarmos fora da UE e do Euro.

Mas é conhecido que o desejo oculto de PCP, BE e PNR/FN, já nem falando de outras extremas-esquerdas folclóricas era esse, tirar-nos da UE. Deixassem-nos chegar ao poder...
Ou talvez se tornassem mais pragmáticos como aconteceu com a extrema-direita quando chegou ao poder nalguns países europeus. Lá se foi a retórica anti-UE e anti-euro.

Referendo

Deve haver referendo ?

Não.

. Portugal é uma democracia representativa, os representantes (deputados nacionais e europeus) são eleitos para decidir.

. Em Portugal NUNCA um referendo foi vinculativo, os portugueses já mostraram que não querem ser chamados a este tipo de participação cívica.

. Os referendos apenas servem para dar tempo de antena a extremistas dos vários lados da barricada que de outra forma nunca o teriam.

Apesar de ser cómico ver a luta conjunta da extrema-esquerda e extrema-direita contra o tratado, o populismo e aldrabice que surgiria por parte de quem sabe que nunca terá responsabilidades de poder teria o efeito nefasto de afastar muita gente de votar, o que é o objectivo dos extremistas. Uma alta abstenção seria a hipótese remota do "Não" ganhar através do voto "obrigatório" dos simpatizantes das extremas. Claro que aí não seria vinculativo mas muitos extremistas iriam berrar.

. Quantos portugueses, saberão dizer "Sim" ou "Não" ao Tratado de Lisboa ? Isto sabendo-se que é mais fácil mentir e apelar ao medo do que ser racional e demonstrar as vantagens do Tratado para um pequeno país como o nosso.

. Os referendos são normalmente usados para guerrilha de política interna servindo como válvula de escape para atacar ou defender o governo vigente e não para referendar algo europeu. Inquéritos feitos a eleitores depois dos referendos de França e Holanda provaram isso. Alguém acha que em Portugal com os extremistas pelo "Não" seria diferente ?


publicado por HomoEconomicus às 19:35
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Segunda-feira, 25 de Junho de 2007
Tratado Europeu
Aparentemente o Tratado Europeu (Tratado Reformador ou qualquer outro nome que lhe queiram dar) está no bom caminho e poderá vir a ser chamado de Tratado de Lisboa caso seja finalizado formalmente na Presidência Portuguesa da União Europeia.

Com o Tratado Europeu na sua finalização começam os pedidos de referendo.

- O PSD de Marques Mendes por mera luta política de ser do "contra" dado que nem dentro do partido a questão é pacífica (como raras questões são pacíficas);

- A extrema-esquerda por razões puramente ideológicas dado que aceitando como um sapo que engoliram a presença de Portugal na União Europeia, serão sempre contra tudo o que venha a criar uma Europa mais forte, competitiva e baseada na economia de mercado. Se "eles" tivessem dominado o país nos anos 70 teriamos entrado na entretanto extinta Comecom (acordo comercial e de cooperação dos países comunistas) sem qualquer hipótese de reclamar quanto mais referendos. E Caxias ali estaria para quem reclamasse um referendo;

- A extrema-direita com os nacionalismos bacocos em que Portugal mantinha o seu "poder de decisão" (qual ?) irrelevante e sem consequências num mundo globalizado, mantendo o seu escudinho, a sua economia estilo albanesa do antigamente isolada e pouco desenvolvida e pouco mais. Tudo entre o mediano e o medíocre, para permitir aos medianos e medíocres terem algum peso na vida nacional;

- Os "intelectuais" e outras figuras que querem  o referendo  para mostrarem que são alguém e terem algum tempo de antena, pedem "a consulta ao povo" e pedem debate que na maior parte das vezes pouco mais é que masturbação mental de meia dúzia de "brilhantes".

Porque não deve haver referendo ?

- Porque os portugueses já DEMONSTRARAM em 3 referendos que consideram Portugal uma democracia representativa. Eles votam nos partidos que acham melhor e os políticos que decidam e não passem as "batatas quentes" através do referendo novamente para os eleitores;

-  Porque  assim como não se referendou a Constituição Portuguesa dado que os conhecimentos para votar em consciência não estão própriamente ao alcance de todos, nem a vontade para adquirir esses conhecimentos existe, não se deve referendar este tipo de Tratados.

- Porque nos referendos damos relevo àqueles cuja capacidade em qualquer debate é dizer "Não" sem apresentarem qualquer alternativa, dado que nem capacidade têm para apresentar alternativas. É muito fácil dizer "Não", qualquer miúdo pode fazer "birras".
Mais difícil será apresentar alternativas, que nos referendos o "Não" nunca apresenta.

- Num referendo como este não é preciso ser-se muito inteligente para prever uma alta taxa de abstenção. E aí se em termos de votos os grupinhos das extremas políticas mais a meia dúzia de intelectuais do contra continuam a ser irrelevantes, vão dar hossanas porque em termos percentuais a votação será, nas palavras deles, "expressiva".

Acreditem, a honestidade intelectual não é característica dos fundamentalistas dos "Nãos" da sociedade.

. Se o "Não" tiver 1 milhão de votos, eles vão dizer que 9 milhões de portugueses são contra o Tratado Europeu. Já aconteceu essa linda "análise" no referendo da IVG.

. Lembram-se da IVG ? Para os defensores do "Não", o primeiro referendo foi "vinculativo" dado que o "Não" tinha vencido, mesmo que por pequena diferença e grande abstenção. Mas para eles no último referendo o "Não" continuava a ser "vinculativo", mesmo que a abstenção tendo sido menor e a diferença entre "Sim" e "Não" muito maior,  porque como menos de 50% não tinham votado,  a lei não podia mudar. Para lá da  "pérola" de que, para os do "Não", a sua votação eram os votos expressos no "Não" MAIS toda a abstenção. Muito honesto na verdade.

Voltando ao Tratado Europeu.

Deixemo-nos de lirismos. A globalização veio para ficar e se tem criado maiores "desigualdades económicas" não sendo a única culpada disso (ver último relatório da OCDE), "desigualdade económica" não significa que o mais pobre fique tão ou mais pobre como os "ideológos" da anti-globalização querem dar a entender. Antes pelo contrário.

E no mundo global temos vários blocos político-económicos de peso (EUA, Japão, a curto prazo China, a médio prazo Índia, etc.) já nem falando de diversos acordos económicos (Nafta, Mercosul, etc.).

Contra isto apenas um bloco político-económico chamado Europa pode ter peso nas decisões mundiais. Não uma quase trintena de países, cada um para seu lado, cada um com peso político-económico e demográfico práticamente irrelevante no mundo do séc. XXI. E muito menos um Portugal pequeno em todos os aspectos  quando  visto numa óptica mundial.

Só uma Europa forte pode influenciar o mundo, e pequenos países como o nosso têm vantagem em pertencer a essa Europa forte que decida e se apresente de forma una e não com cada país a usar o seu "poder de decisão" para fazer as coisas à sua maneira, fazendo rir as grandes potências e todo o restante mundo.

"Abrir, por populismo ou convicção, a caixa de Pandora dos nacionalismos é enfraquecer fatalmente a Europa. Os europeus já não têm impérios e só juntando-se poderão sobreviver no confronto com os impérios dos outros"
José Cutileiro in Expresso

Quem não percebe isto é ignorante ou dogmáticamente hipócrita.


publicado por HomoEconomicus às 10:27
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