Comentários e opiniões sobre a actualidade nacional e internacional, económica e não só.
Sexta-feira, 22 de Junho de 2007
Dois mitos que convém desmontar, mais o lirismo no TGV
Existem dois mitos que são defendidos respectivamente pela esquerda comunista ou extrema-esquerda e pela estrema-direita.
Estamos a falar do "bloqueio americano" a Cuba e da "insegurança" em Portugal.
Cuba
Como muitos já sabem o "bloqueio americano" a Cuba tem servido mais os cubanos e seus "companheiros de luta" do que própriamente os americanos.
No fundo dá ao regime ditatorial cubano o que quer, um "inimigo", e serve sempre de desculpa do estado miserável do país para todos os defensores do regime cubano.
Já sei, é idiota os esquerdistas anti-globalização serem contra o bloqueio americano, que no fundo é uma política "anti-globalização" dirigida pelos americanos aos cubanos. Mas daqueles que são anti-globalização não se esperem nunca ideias brilhantes.
Sobre o "bloqueio americano" convém no entanto saber que :
. O bloqueio americano é "americano". Muitas empresas de outros países, incluindo Portugal, têm feito os negócios possíveis com Cuba. Possíveis porque o regime económico cubano não permite muito.
. Mas mesmo assim, como veio recentemente na imprensa internacional, muitas empresas americanas (USA) ou estados americanos estão já a exportar ou a negociar exportações para Cuba:
- Uma delegação de Mississipi foi a Havana para negociar a exportação do chamado peixe-gato, um tipo de peixe muito apreciado em Cuba;
- Estados como o do Arkansas exportam arroz e querem exportar mais substituindo o Vietnam como principal fornecedor;
- Um terço das importações cubanas de galináceos vem de Alabama, de onde também vêm importações de algodão e da chamada "snack food";
- Uma delegação cubana vai negociar com o estado do Dakota do Norte a importação de batata americana para posteriormente revigorar-se a produção de batata de Cuba
E muito mais existe que não aparece todos os dias na comunicação social.
O culpado da situação cubana é apenas um, o regime ditatorial cubano.
O resto é conversa dogmática. Desculpas.
Mas bastava ver como estavam os "maravilhosos" países de Leste quando o Muro de Berlim caíu. Até a "potente" Alemanha de Leste era pouco mais que propaganda.
"Insegurança" em Portugal
A "insegurança" em Portugal tem sido tema da extrema-direita, servindo de desculpa para o discurso racista e xenófobo anti-imigração do costume.
Se em França bastou a Sarkozy falar um pouco "mais grosso" para fazer desaparecer políticamente a Frente Nacional de extrema-direita, a qual poucas ideias tinha para além do discurso sobre "insegurança e imigração", cá em Portugal os camaradas da mesma ideologia ainda não perceberam isso e continuam a clamar a "insegurança" em Portugal.
E infelizmente muitos portugueses tem a ideia de que somos um país "inseguro".
Isto quando TODOS os estudos internacionais colocam Portugal e a capital, Lisboa, como dos locais mais seguros da Europa ou do mundo, conforme a área abrangida pelos estudos.
Recentemente a Economist Intelligence Unit analisou 121 países tendo em Portugal ficado em 9º no seu Global Peace Index.
Temos à nossa frente os vários países nórdicos mais a Nova Zelandia, Irlanda, Japão e Canadá.
Claro que esta, como outras boas notícias sobre o nosso país, raramente são salientadas na Comunicação Social que prefere anunciar as mais populares desgraças deste país e do mundo.
Em ambos os mitos, a informação vence a ignorância. Para que a ignorância não seja desculpa para a estupidez.
Financiamento do TGV
Parece que o BE no seu dogma de que se fosse possível todo o país era Estado, sem iniciativa privada "capitalista" (partilhado com o PCP e em boa parte com o PNR), quer que seja o Estado a financiar os vários milhares de milhões de euros a investir no TGV...
Ou seja, seriam os impostos dos portugueses a pagar um TGV "público", o que faria disparar a Dívida Pública que terá que ser paga, claro.
Lirismo dogmático, nada mais.
Isto quando mesmo o método de financiamento apresentado pelo Governo, similar ao das SCUTS, deve ser analisado em profundidade para evitar daqui a uns anos responsabiidades financeiras incomportáveis para o Estado.
Os privados se querem participar em grandes projectos como a Ota e o TGV têm que estar prontos a partilhar receitas E custos.
Porque se a participação é baseada em recolha de lucros e se houver prejuízos o Estado que os pague, até eu quero participar no "negócio".