Comentários e opiniões sobre a actualidade nacional e internacional, económica e não só.

Segunda-feira, 31 de Março de 2008
A nossa economia e a nova Cuba
Défice de 2,6%

O défice de Estado em Portugal atingiu o valor mais baixo desde o 25 de Abril. O valor de 2,6%, atingido com base num Governo que tomou as medidas impopulares qb e nos portugueses que mesmo com os naturais protestos começam a perceber que pura e simplesmente o Estado não pode gastar mais do que recebe consecutivamente sem ter que aumentar ainda mais os impostos, permitiu uma baixa do IVA de 21% para 20%.  Esta baixa do IVA, mais do que aumentar o poder de compra dos portugueses, insere-se numa política de gestão de expectativas económicas procurando criar algum optimismo nos consumidores que permita uma maior recuperação económica.

Apenas se espera que baixas anunciadas de impostos no ano eleitoral não impeçam aquele que é o objectivo para 2010, um défice de apenas 0,4%, e posterior equilíbrio das Finanças Públicas.

E porquê esta "obsessão" com o défice ? Porque tal como famílias e empresas, o Estado não pode estar indefinidamente a gastar mais do que recebe.  Verifica-se também que países com contas públicas equilibradas aguentam de melhor forma os ciclos económicos negativos. Se a economia abranda ou se aproxima da recessão um país com contas públicas equilibradas tem maior margem de manobra para investir na recuperação económica criando algum défice do que um país que tenha já défices elevados.

A Espanha que atingiu mesmo um superavit do Estado continua a ser vista pelos portugueses como exemplo a seguir.


Cuba
Entretanto Cuba está a mudar para gáudio de muitos e engulho dos mais puristas. Raul Castro depois de ter afirmado que ia reformar um Estado despesista e burocrático, trouxe "novidades" que nas economias capitalistas incluindo a portuguesa já é dado como adquirido há anos.

E que "novidades" temos ?

. Os cubanos para além de poderem agora adquirir computadores e leitores de DVDs, também podem vender televisores de 19 e 24 polegadas, panelas de pressão, bicicletas eléctricas, alarmes de automóvel e microondas.Terão acesso a um segundo grupo de produtos, como sistemas de ar condicionado, em 2009, e, caso a rede eléctrica o permita, poderão comprar torradeiras e fornos eléctricos em 2010.

. Podem adquirir telemóveis mas a pagar com "peso convertível" que vale 24 vezes o peso "normal" que miserávelmente recebem e que equivale em média a menos de 20 euros por mês.

. Mas num rasgo de generosidade permite agora aos cubanos que possam entrar em hotéis internacionais os quais anteriormente só eram acessíveis aos estrangeiros de visita a Cuba.

Raul Castro começou a perceber que se tiver que vir a deitar a "pureza comunista" para conseguir ter uma economia "à Flórida", todos ficam a ganhar.

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publicado por HomoEconomicus às 11:05
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Quarta-feira, 27 de Fevereiro de 2008
Fica-se espantado
Por cá e por lá fica-se admirado com o que vai acontecendo no mundo.

Por cá
Os professores mostraram mais uma vez no Prós e Contras que são contra qualquer reforma do ensino embora com uma linguagem para tentar fazer dos portugueses estúpidos. Eles são :
. Contra a nova gestão das escolas que pura e simplesmente responsabilizará quem as dirige e naturalmente quem lá trabalha.
. Contra as avaliações com desculpas que vão desde a "complexidade" do processo (coitados, são incapazes para algo que seja muito complexo) à "incapacidade" de avaliarem colegas (mas que diriam se o Ministério da Educação mandatasse avaliações externas). Mas a pérola vem daquela "loura" que diz que os professores "são todos bons". Claro, nesse caso para quê avaliar, são 150 mil da fina nata.
. Contra as quotas para titular. Claro, não havendo quotas todos iam a titular e ao topo da carreira tornando inúteis as avaliações, como tem acontecido até agora. Estranhamente um professor que era contra os professores titulares era ... professor titular.
. Contra tudo isto temos o sindicato comunista a fazer a única coisa que sabe fazer, procurar em tribunal bloquear processos de avaliação.
. Mas a pérola viria das aulas de substituição, com o mesmo sindicalista a vangloriar-se que os portugueses iam pagar dos seus impostos as consequências dos professores se baldarem às aulas. E estes a esfregarem as mãos de contentes com o novo negócio do "agora faltas tu, agora falto eu".
. Dizem que os professores andam com ansiedade. Claro, acabou o ambiente de compinchas irresponsáveis e passou-se para um ambiente de se saber quem serão os bons e maus professores e concorrência pela competência como no restante mundo civilizado.

Por lá
Até o "irmão Castro" que sucedeu a Castro vem dizer que Cuba vai reformar de alto a baixo o Estado acabando com burocracias excessivas e óbviamente com empregos em excesso e gastos em excesso. O camarada Jerónimo deve ter tido um desmaio ao ouvir isto.


publicado por HomoEconomicus às 11:18
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Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008
Lá e cá
Duas notícias interessantes lá fora e cá dentro.

Cuba
Acabou Fidel, viva o mano do Fidel. Fidel acabou o que era natural dada a idade. A única questão será se o novo Presidente cubano abrirá mais depressa ou mais devagar o país ao mundo, ou se teremos também que esperar pelo abandono do irmão para termos democracia em Cuba. O que o novo Presidente dos EUA fizer também é uma incógnita mas quanto mais abrirem a Cuba maiores possibilidades existirão que os ventos da democracia provoquem mudanças na ilha.

Para quem quiser visitar um país com um dos últimos regimes comunistas do mundo, quase que parado nos anos 50-60, é agora. Depois disso e com a modernização que ocorrerá, Cuba perderá alguma da sua piada.

Desigualdades Sociais em Portugal
Um estudo veio dizer o óbvio, "o principal factor de desigualdade salarial continua a ser a educação". Se em Portugal o nível educacional está abaixo dos restantes países europeus, naturalmente as desigualdades sociais serão maiores. Nada de conspirações de governos, patronatos, etc. mas sim consequência de mais ou menos educação principalmente numa sociedade cada vez mais da informação, do saber.

Os problemas da educação não se resolvem em dois dias e haverá um período em que as diferenças entre níveis educacionais da população portuguesa só terão tendência para se agravar independentemente do Governo.

Nenhuma novidade, apenas "trama" certas forças políticas fora do poder que gostam de acusar os diversos Governos pelo  aumento das desigualdades sociais.

"Portugal: Desigualdades sociais são as mais elevadas Europa
As desigualdades sociais em Portugal são as mais elevadas da Europa e devem-se, sobretudo, ao fosso entre salários determinados pelo nível de educação, disse hoje o investigador do Instituto Superior de Economia e Gestão, Carlos Farinha Rodrigues.


«As desigualdades, quando se agravam resultam mais de um aumento dos salários mais elevados do que de uma contenção dos salários mais baixos», afirmou em declarações à Lusa.


A questão das desigualdades na distribuição dos rendimentos em Portugal é o tema de uma interpelação ao Governo que o Bloco de Esquerda fará hoje na Assembleia da República e que conta com a presença do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos.


O Bloco de Esquerda (BE) acusa o primeiro-ministro, José Sócrates, de ter aumentado a injustiça em três anos de governação e promete confrontar o Governo com esse «défice social» na interpelação ao Governo.


Para o investigador do ISEG, «um dos principais motores de desigualdade em Portugal continua a ser a desigualdade salarial», acrescentou.


Segundo Carlos Farinha Rodrigues, que tem estudos publicados sobre a distribuição do rendimento, desigualdade e pobreza em Portugal, o principal factor de desigualdade salarial continua a ser a educação.


«Há uma forte discriminação a nível salarial devido ao nível educacional», afirmou.Carlos Farinha Rodrigues afirma que a solução passa «pela complementaridade de várias medidas», mas defende que Portugal só conseguirá «reduzir a desigualdade e a pobreza, apostando fortemente na educação».


De acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), de Janeiro deste ano, com base no Inquérito às Condições de Vida e Rendimento, realizado em 2006, existe uma acentuada desigualdade na distribuição dos rendimentos em Portugal.


Os dados referem que o rendimento dos 20 por cento da população com maior rendimento é 6,8 vezes o rendimento dos 20 por cento da população com menor rendimento, tendo descido dos 6,9 nos dois anos anteriores (Rácio S80/S20).

O coeficiente de Gini, indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que varia entre zero - quando todos os indivíduos têm igual rendimento - e 100 - quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo - tem-se mantido também inalterado em Portugal nos 38 pontos desde 2004.


Face à Europa, e segundo os dados referentes a 2005, Portugal registava um rácio S80/S20 de 8,2 e a média da União Europeia a 25 Estados-membros era de 4,9.


Quanto ao coeficiente de Gini, Portugal situava-se em 2005 nos 38 pontos face aos 31 pontos da média europeia, sendo ainda o valor mais elevado da Europa."

in Diário Digital 20-02-08



publicado por HomoEconomicus às 14:41
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Segunda-feira, 13 de Agosto de 2007
"Silly Season" e a Coreia do Norte
Li na revista Sábado algo que só pode estar ligado à "silly season" ...

Ou a uma fé dogmática surrealista ...

Parece que uma senhora da JCP, Inês Zuber, veio com umas pérolas engraçadas, nomeadamente :

. "A Coreia do Norte é um país extremamente organizado"...

Claro que é como qualquer ditadura. Se a visitarem garanto que a todo o momento as autoridades sabem onde estão. E não se atrevam a pisar a sombra das estátuas dos líderes.

. "... embora existam diferenças na prática e projecto de sociedade entre o PCP e o Partido do Trabalho da Coreia, ambos afirmam ter como objectivo a construção de uma sociedade socialista".

Felizmente que há diferenças, foi a escapatória da "camarada". É que está PROVADO que APENAS a nomenclatura (classes dirigentes, familiares e amigos) da Coreia do Norte vive como os capitalistas que tanto odeiam. A maioria da população chega a ter que comer erva (literalmente) para não morrer à fome.

E está também PROVADO que o grande líder e seus seguidores utilizam a falsificação de dólares, tráfico de armas, tráfico de droga e prostituição para obterem fundos para manterem uma vida saudavelmente capitalista e satisfazerem os instintos belicistas que custam dinheiro.

Diz mais a "camarada" da JCP :

."O que as classes dominantes querem fazer é roubar-nos a perspectiva e a confiança na vitória, dividir as forças anti-imperialistas e enfraquecer a solidariedade internacionalista. E isso os comunistas jamais aceitarão",

Como é possível dizer tudo isto de cara séria ou sem se parecer hipócrita ?

É que a única solidariedade que a Coreia do Norte tem tido é dos imperialistas EUA e Coreia do Sul através do envio de produtos alimentares para procurar mitigar a fome na "socialista" Coreia do Norte.

Já nem falo na comparação entre o nível de vida das duas Coreias, indo mesmo buscar os mais pobres dos pobres da Coreia do Sul.

Entretanto a "socialista" Cuba, com Fidel a sair aos poucos do poder, começa a pragmatizar-se. As importações de produtos alimentares dos imperialistas EUA aumentam a cada ano.

O irmão de Fidel prepara-se para uma nova era, abrindo negociações com os EUA mal Fidel saia de cena.

Quem quer conhecer "Jurassic Cuba" aproveite agora. Daqui a uns anos será uma nova Flórida e aposto que os cubanos vão gostar....


publicado por HomoEconomicus às 16:21
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Sexta-feira, 22 de Junho de 2007
Dois mitos que convém desmontar, mais o lirismo no TGV
Existem dois mitos que são defendidos respectivamente pela esquerda comunista ou extrema-esquerda e pela estrema-direita.

Estamos a falar do "bloqueio americano" a Cuba e da "insegurança" em Portugal.

Cuba
Como muitos já sabem o "bloqueio americano" a Cuba tem servido mais os cubanos e seus "companheiros de luta" do que própriamente os americanos.

No fundo dá ao regime ditatorial cubano o que quer, um "inimigo", e serve sempre de desculpa do estado miserável do país para todos os defensores do regime cubano.

Já sei, é idiota os esquerdistas anti-globalização serem contra o bloqueio americano, que no fundo é uma política "anti-globalização" dirigida pelos americanos aos cubanos. Mas daqueles que são anti-globalização não se esperem nunca ideias brilhantes.

Sobre o "bloqueio americano" convém no entanto saber que :

. O bloqueio americano é "americano". Muitas empresas de outros países, incluindo Portugal, têm feito os negócios possíveis com Cuba. Possíveis porque o regime económico cubano não permite  muito.

. Mas mesmo assim, como veio recentemente na imprensa internacional, muitas empresas americanas (USA) ou estados americanos estão já a exportar ou a negociar exportações para Cuba:

- Uma delegação de Mississipi foi a Havana para negociar a exportação do chamado peixe-gato, um tipo de peixe muito apreciado em Cuba;

-  Estados como o do Arkansas exportam arroz e querem exportar mais substituindo o Vietnam como principal fornecedor;

- Um terço das importações cubanas de galináceos vem de Alabama, de onde também vêm importações de algodão e da chamada "snack food";

- Uma delegação cubana vai negociar com o estado do Dakota do Norte a importação de batata americana para posteriormente revigorar-se a produção de batata de Cuba

E muito mais existe que não aparece todos os dias na comunicação social.

O culpado da situação cubana  é apenas um, o regime ditatorial cubano.

O resto é conversa dogmática. Desculpas.

Mas bastava ver como estavam os "maravilhosos" países de Leste quando o Muro de Berlim caíu. Até a "potente" Alemanha de Leste era pouco mais que propaganda.


"Insegurança" em Portugal
A "insegurança" em Portugal tem sido tema da extrema-direita, servindo de desculpa para o discurso racista e xenófobo anti-imigração do costume.

Se em França bastou a Sarkozy falar um pouco "mais grosso" para fazer desaparecer políticamente a Frente Nacional de extrema-direita, a qual poucas ideias tinha para além do discurso sobre "insegurança e imigração", cá em Portugal os camaradas da mesma ideologia ainda não perceberam isso e continuam a clamar a "insegurança" em Portugal.

E infelizmente muitos portugueses tem a ideia de que somos um país "inseguro".

Isto quando TODOS os estudos internacionais colocam Portugal e a capital, Lisboa, como dos locais mais seguros da Europa ou do mundo, conforme a área abrangida pelos estudos.

Recentemente a Economist Intelligence Unit analisou 121 países tendo em Portugal ficado em 9º no seu Global Peace Index.

Temos à nossa frente os vários países nórdicos mais a Nova Zelandia, Irlanda, Japão e Canadá.

Claro que esta, como outras boas notícias sobre o nosso país, raramente são salientadas na Comunicação Social que prefere anunciar as mais populares desgraças deste país e do mundo.

Em ambos os mitos, a informação vence a ignorância. Para que a ignorância não seja desculpa para a estupidez.

Financiamento do TGV
Parece que o BE no seu dogma de que se fosse possível todo o país era Estado, sem iniciativa privada "capitalista" (partilhado com o PCP e em boa parte com o PNR), quer que seja o Estado a financiar os vários milhares de milhões de euros a investir no TGV...

Ou seja, seriam os impostos dos portugueses a pagar um TGV "público", o que faria disparar a Dívida Pública que terá que ser paga, claro.

Lirismo dogmático, nada mais.

Isto quando mesmo o método de financiamento apresentado pelo Governo, similar ao das SCUTS, deve ser analisado em profundidade para evitar daqui a uns anos responsabiidades financeiras incomportáveis para o Estado.

Os privados se querem participar em grandes projectos como a Ota e o TGV têm que estar prontos a partilhar receitas E custos.

Porque se a participação é baseada em recolha de lucros e se houver prejuízos o Estado que os pague, até eu quero participar no "negócio".


publicado por HomoEconomicus às 18:13
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