Comentários e opiniões sobre a actualidade nacional e internacional, económica e não só.
Sábado, 9 de Fevereiro de 2008
Reformas e medo delas
Todos os portugueses se queixavam de que o país estava ingovernável, sem autoridade. De que o despesismo do Estado era insustentável (défice a ficar próximo dos 7%) e os impostos desta forma teriam que continuar a subir e não a descer. Quando se começaram as coisas a fazer, vêm os queixumes do costume. Muito portugueses que não querem Estado nem impostos depois querem todas as benesses que o mesmo lhes proporciona. Já nem se falando da reacção idiota à acção da ASAE no cumprimento da lei ou dos fumadores que se acham no pleno direito de encher e matar 3ºs com o seu fumo (considerando os não-fumadores os marginais e inadaptados) para além de se acharem no direito de sacarem dinheiro dos nossos impostos para lhes curar o cancro de pulmão.
- Na Saúde uma reforma da rede de SAPs e urgências feita por uma comissão técnica é rejeitada por aqueles da população que erradamente queriam uma falsa urgência em cada esquina por se sentirem erradamente mais seguros, enquanto os médicos também andam descontentes dado que certos "SAPs e urgências" lhes permitiam trabalho e horas extraordinárias sem muito trabalho, com por vezes 1 a 2 clientes com uma gripe ou pouco mais por noite. Um sistema insustentável em termos de saúde pública e em termos financeiros mas que até aqueles que querem descer impostos defendem, claro.
- No Ensino os professores procuraram e procuram travar tudo o que faça o simples: pô-los ao mesmo nível dos restantes europeus em termos de profissionalismo e rendimentos tendo em conta as disponibilidades do país e os resultados da educação. Pequenas coisas se quer como fazerem aulas de substituição como "lá fora", serem avaliados como "lá fora", etc., etc. Mas em vez disso querem insistir em ser TODOS iguais, todos subirem automáticamente, terem avaliações como até agora, uma autêntica fraude. Temos perto de 180 mil professores a quererem chegar automáticamente ou com poucas chatices ao topo da carreira para ganharem mais de 50 mil euros por ano. É a 3ª remuneração mais alta da OCDE em relação ao PIB (somos 25º em 30 países em PIB per capita ) e mesmo em valores absolutos em 12º à frente de países como Inglaterra, Grécia, Itália, Países Nórdicos, etc., etc. E os portugueses que paguem que os resultados como sabemos são ... "excelentes".
- Quanto às grandes Obras Públicas, se o aeroporto depois de estudos durante perto de 40 anos parece que vai iniciar-se, mesmo com uns patuscos a querer que mantivessemos um aeroporto no meio da capital com todos os inconvenientes de tal, agora andamos às voltas com as pontes. O TGV por outro lado se os autarcas pudessem ia parar em todas as autarquias possíveis e imaginárias mesmo andando às voltinhas pelo país. Para já nem falar dos patuscos, principalmente do norte, que achavam que o TGV devia vir num trajecto a sul do Tejo pelo que a passagem pela capital seria um desvio adicional. Ou seja, quem viesse do Porto por TGV não ia ter a Lisboa mas a Alcochete e depois fazia marcha-atrás ...
Tristezas e mais tristezas que mostram que é por estas e por outras que estamos cada vez mais na cauda da Europa.
Ou será que somos tão idiotas que pensavamos que as reformas, que sempre foram exigidas por todos, eram para aumentar ainda mais as benesses para todos num despesismo insustentável enquanto em simultâneo os mesmos exigiam ... descida de impostos ?