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Quinta-feira, 8 de Novembro de 2007
Palhaçadas
Os sindicatos da função pública decidiram fazer uma greve porque a função pública vai receber o aumento possível tendo em conta o défice de Estado. Aumentos salariais maiores (o sindicato comunista entra no delírio populista dos 5,8%) destruiriam os sacríficios de milhões de portugueses influenciando negativamente o défice e também causariam pressões inflacionistas óbvias que os anulariam.
Mas isso os sindicatos parece que não compreendem. Ou melhor, compreendem mas a filosofia é a costumeira do tentar sacar o máximo e os restantes milhões de portugueses que fiquem com menos dinheiro nas carteiras para pagarem o despesismo da função pública.
Mas não é isto que se pode considerar palhaçadas.
Palhaçada é a data escolhida para a greve, dia 30 de Novembro, por "coincidência" uma sexta-feira, como têm sido marcadas greves para segundas ou dias úteis entre feriados ou entre feriados e fins-de-semana.
Parece que os sindicatos no fundo receiam pela adesão "do povo em luta" ... e um fim-de-semana prolongado torna essa adesão mais provável, não para a "luta" mas para o descanso antecipado claro.
Esperemos que os portugueses que não são parvos, mesmo aqueles que irão fazer greve, se apercebam da honestidade política dos sindicatos, ou falta dela.
E sobre o tema o editorial do DN é elucidativo :
"... Propor aumentos inferiores à inflação esperada negaria os ganhos estruturais já alcançados em 2006 e 2007. Seria um contra-senso. Não ir além da inflação esperada (mesmo tendo já uma pequena margem para subir umas três décimas...) significa que se pretende atingir os 0,4% de défice público (fixado para todos os membros do euro), a marchas forçadas. Se possível, antes de 2010.
O desequilíbrio público em 2007 será apurado em Fevereiro ou Março próximos. Ficará, seguramente, abaixo dos 3%, talvez mesmo próximo do objectivo para 2008, 2,4%. O sinal de poupança nas despesas com o pessoal em 2008 prende-se com a exigência de Teixeira dos Santos de que se registem ganhos importantes de produtividade no aparelho de Estado, antes de remunerar com ganhos reais aqueles que os proporcionam. E, se o caminho percorrido até ao fim de 2008 o permitir, sem comprometer o cortar da meta a tempo, até pode haver algum alívio fiscal em 2009 ou em 2010..."
in DN - 081107